A Gripe A pode obrigar muitos pais a ficar em casa, seja para tomar conta de um filho doente ou porque a escola fechou, por prevenção. Uma situação excepcional que já obrigou a alterar o sistema das baixas médicas.
Quem ficar a cuidar de um filho tem direito a faltar ao trabalho para prestar assistência à família. Nestes casos, a remuneração é equivalente a 65% do ordenado:
Até 30 dias por ano, se a criança for menor de 12 anos, ou independentemente da idade, se for portadora de deficiência ou doença crónica
Até 15 dias por ano, se a criança for maior de 12 anos, ou independentemente da idade, se for portadora de deficiência ou doença crónica, durante todo o período de uma hospitalização
Se eu ficar doente, o meu filho deve ficar em casa?
Neste caso, a recomendação oficial é a de que todo o agregado familiar mantenha a rotina, ou seja, as crianças não devem deixar de ir à escola. Filipe Froes, consultor da Direcção-Geral da Saúde (DGS), recomenda, no entanto, que o doente cumpra as regras de isolamento e protecção, além de que deve ser reforçada a vigilância aos sintomas nos restantes membros da família. Os contactos próximos que façam parte de um grupo de risco - asmáticos, diabéticos - devem tomar Tamiflu, preventivamente. Pedro Simas, virologista do Instituto de Medicina Molecular, tem outra opinião: "A probabilidade de transmissão do vírus entre pessoas que vivem na mesma casa é muito grande. Numa lógica de contenção da epidemia, fará mais sentido que todo o agregado familiar respeite a quarentena de sete dias."
Devem evitar-se os autocarros para a escola?
Nos transportes camarários, de uso exclusivo das escolas, é importante que cada criança ocupe sempre o mesmo lugar. Desta forma, reduz-se o contágio e facilita-se o controlo da epidemia. Nos transportes públicos, é importante seguir todos as regras de contenção da epidemia (cuidado ao espirrar, tossir) e evitar estar muito próximo das outras pessoas. À saída do autocarro deve lavar-se as mãos ou desinfectá-las com uma substância alcoólica. Ao mínimo sinal de gripe, a ordem é deixar de andar de transportes colectivos. Sempre que possível, e nas alturas de pico da epidemia, é preferível que os alunos vão para a escola a pé ou em viatura particular.
Devo adiar a entrada do meu filho na creche?
Na gíria pediátrica, o infantário ganha a designação de "infectário". Um mal necessário que se paga com doenças, sobretudo infecções respiratórias, desde que a criança entra na escola. "Antes, as doenças apareciam na escola primária, agora é mais cedo", nota a pediatra do Hospital de Santa Maria, em Lisboa, Paula Valente. Mesmo assim, esta médica, de 67 anos, não advoga o adiar da entrada na creche. "Há medidas que não são realistas. Se os pais tiverem de deixar os filhos na escola para poder ir trabalhar, não faz sentido aconselhar o contrário." No entanto, para as crianças com menos de 6 meses ou com problemas respiratórios, a especialista recomenda que se evite a ida para a creche, especialmente no pico da epidemia.
O que guardar na mochila?
Garrafa de água (os bebedouros estarão selados)
Lenços de papel (usar uma vez e deitar fora)
Toalhetes desinfectantes (para usar sempre que não for possível lavar as mãos com sabão)
Um iogurte, uma sande e uma peça de fruta (uma alimentação equilibrada - variada e rica em vitaminas - é fundamental para enfrentar o vírus)
O contacto mais imediato dos pais ou encarregado de educação
Conselhos aos pais
- Em Portugal, 30% das crianças têm excesso de peso e a obesidade é um dos factores de risco, em matéria de gripe. Nunca é tarde para adoptar hábitos de alimentação saudável - a típica dieta mediterrânica, rica em verduras, fruta, azeite e pão
- Cabe aos pais informar os responsáveis da escola acerca das fragilidades dos seus filhos, sinalizando problemas respiratórios, diabetes, alergias a medicamentos ou qualquer outra patologia que possa condicionar o estado geral de saúde
- É importante ensinar as crianças a tossir e espirrar para o antebraço ou para um lenço de papel, que deverá ser deitado fora, depois de utilizado
- A lavagem das mãos deve ser adoptada pelas crianças como rotina, antes de saírem de casa e quando regressarem da escola
- Uma criança com febre tem de ficar em casa
- A escola deve ser avisada, no caso de um diagnóstico de gripe
- Os espaços abertos, como jardins ou parques, devem ser preferidos, relativamente aos locais fechados, com pouca circulação de ar
- Restringir as visitas de pessoas com sintomas gripais
- Consultar o médico de família para avaliar a necessidade de vacinar ou não as crianças contra a Gripe A (as primeiras vacinas estarão disponíveis em Setembro, para os grupos de risco)
- Manter em casa uma reserva de paracetamol, toalhetes desinfectantes, máscaras de protecção
- Estar atento aos sintomas gripais - febre alta, de início súbito, dores no corpo, tosse, nariz entupido, dor de garganta, arrepios, fadiga, vómitos ou diarreia
- Evitar as urgências hospitalares e ligar para a Linha de Saúde 24 (808 24 24 24)
E se a gripe lhe bater à porta...
- O doente deve ficar num quarto, sozinho, de porta fechada, idealmente com uma casa de banho de uso exclusivo
- Deve ser sempre a mesma pessoa a cuidar do paciente, sendo esta a única a entrar no quarto
- Mulheres grávidas ou pessoas com doenças crónicas não devem aproximar-se do doente
- O espaço onde está o engripado deve ser arejado, com janelas, bem como as zonas comuns da casa
- Os objectos e roupas não devem ser partilhados
- Nos doentes, medir a febre de manhã e à noite, registar a evolução e controlá-la com paracetamol
- Tomar muitos líquidos para manter a hidratação
Alerta
- Dificuldade respiratória, vómitos persistentes, prostração, pele arroxeada, recusa alimentar ou persistência da febre durante mais de quatro dias, são sinais de complicações
reprodução de conteúdo da revista Visão (4 Set)